Educação Inclusiva
Direitos de todos com necessidades
educacionais especiais
A
negligência para com as pessoas portadoras de necessidades especiais possui uma
grande trajetória histórica. A humanidade desde os tempos mais antigos não
consegue lidar de forma consciente que cada ser humano difere um do outro e que
cada um possui suas próprias especificidades. No passado a população ignorante
encarava o nascimento de pessoas com deficiências como um castigo de Deus, os
deficientes eram desprezados por todos, até mesmo por suas famílias, não
recebiam qualquer tipo de atendimento. As crianças que nasciam com algum tipo
de má formação eram abandonadas nas estradas para morrerem, consideradas
irracionais, muitas vezes sacrificadas por causa de suas diferenças.
Na
Grécia grandes homens da história, Platão e Aristóteles, trataram do
planejamento das cidades gregas indicando as pessoas nascidas “diformes” para a
eliminação. A crueldade era tanta que as crianças que nasciam deficientes eram
jogadas de um aprisco de montanhas chamada taygetos. Pelos costumes espartanos,
somente aqueles ditos “normais” tinham direito de servir o exército de
Leônidas, os nascidos com deficiência eram sem piedade eliminada.
Em
Roma, as crianças que se salvaram dos sacrifícios permitidos pelas leis romanas
da Antiguidade, eram exploradas nas cidades por “esmoladores” ou passavam a
fazer parte de circos para entretenimento dos abastados. Graças ao Cristianismo
que surgiu na região da atual Palestina no século I, região esta que estava sob
o domínio do Império Romano neste período, com essa nova doutrina que se
voltava para a caridade e o amor entre as pessoas, começou-se o combate, dentre
outras práticas, a eliminação dos filhos nascidos com deficiência. Surgiu-se a
partir daí os primeiros hospitais de caridade que abrigavam indigentes e
pessoas deficientes.
O
maior exemplo que temos, é o do próprio fundador do Cristianismo Jesus Cristo,
este homem mostrou às pessoas como amar, operou grandes milagres, fez cegos
enxergarem, coxos andarem, mudos falarem, surdos ouvirem, muitas enfermidades
foram sanadas. Defendeu a paz, o respeito a um único Deus e o amor entre as
pessoas. Em um dos seus mandamentos ensina: “Amai ao próximo como a ti mesmo”.
Sua doutrina difundiu-se aos quatros cantos do mundo.
A
deficiência não limitou grandes homens da história, não restringiu suas
determinações, eles fizeram e mostraram ao mundo as capacidades que lhes foram
concedidas, apesar de suas limitações. Luís de Camões (1524-1580) poeta de os
Luzíadas perdeu a visão de um dos olhos, em batalha nos Marrocos. John Milton
(1608-1674), um dos maiores poetas ingleses era cego e com apoio de escriba e
ledor, escreveu várias obras dentre elas Paraíso Perdido. Galileu Galilei,
físico, matemático e astrônomo, em consequência de seu reumatismo ficou cego
nos últimos anos de sua vida, mas ativo em suas pesquisas cientificas. Johannes
Kepler (1571-1630) tinha deficiência visual e desenvolveu estudos sobre o
movimento dos planetas.
Observando
o que esses e outros gênios da história contribuíram para o mundo, suas
determinações e perspectivas, notamos que, embora haja algum tipo de
dificuldade, o que vale é a intenção e a busca por resultados positivos. Todos,
sejam deficientes ou não, têm capacidade de realizar seus objetivos. As pessoas
especiais têm na realidade um pouco mais de dificuldade por ter algumas
limitações de acordo com sua deficiência, mas isso não que dizer que elas não
podem ter uma vida digna, como estudar, trabalhar e constituir uma família, e
sem dúvida alguma, contribuir para o sucesso como muitos que a historia nos
relata.
A
partir de meados do século XX, com a intensificação dos movimentos sociais de
luta contra todas as formas de discriminação que impedem o exercício da
cidadania das pessoas com deficiência, emerge, em nível mundial, a defesa de
uma sociedade inclusiva. No decorrer desse período histórico, fortalece-se a
critica às práticas de categorização e segregação de estudantes encaminhados
para ambientes especiais, que conduzem, também, ao questionamento dos modelos
homogeneizadores de ensino e de aprendizagem, geradores de exclusão nos espaços
escolares.
Na
busca de enfrentar esse desafio e construir projetos capazes de superar os
processos históricos de exclusão, a Conferência Mundial de Educação para Todos,
Jomtien/1990, chama a atenção dos países para os altos índices de crianças,
adolescentes e jovens sem escolarização, tendo como objetivo promover as
transformações nos sistemas de ensino para assegurar o acesso e a permanência
de todos na escola.
Os
principais referenciais que enfatizam a educação de qualidade para todos, ao
constituir a agenda de discussão das políticas educacionais, reforçam a
necessidade de elaboração e a implementação de ações voltadas para a
universalização do acesso na escola no âmbito da educação fundamental, a oferta
da educação infantil nas redes públicas de ensino, a estruturação do
atendimento às demandas de alfabetização e da modalidade de educação de jovens
e adultos, além da construção da gestão democrática da escola.
A
indolência com que eram tratadas as pessoas com deficiência se estendeu no
Brasil até a década de 50 do século passado, lembrando que o atendimento às
pessoas especiais teve inicio no nosso país na época do Império, ou seja, mesmo
com criações de instituições para facilitar a vida dos excepcionais vemos que
durou muito tempo ainda para que o direito desses fosse realmente reconhecido.
As primeiras instituições criadas no Brasil foram o Imperial Instituto dos
Meninos Cegos, em 1854, atual Instituto Benjamim Constant – IBC e o Instituto
dos Surdos Mudos, em 1857, hoje é o Instituto Nacional de Educação dos Surdos –
INES, ambos no Rio de Janeiro. No início do século XX fundou-se o Instituto
Pestalozzi (1926), instituição especializada em atendimento às pessoas com
deficiência mental, em 1954 criou-se a primeira Associação de Pais e Amigos dos
Excepcionais – APAE; e em 1945 foi criado o primeiro atendimento educacional
especializado às pessoas com superdotação na Sociedade Pestalozzi.
A
preocupação com a inclusão das pessoas com deficiência na política educacional
brasileira veio ocorrer somente no final dos anos 50 e inicio da década de 60
do século XX. Os direitos das pessoas com necessidades especiais começaram a
ser reconhecidos através de movimentos sociais importantes acontecidos nas duas
últimas décadas. No decorres dos anos, percebeu-se a preocupação dos governos
em criar uma legislação que amparasse os direitos das Pessoas com Necessidades
Educacionais Especiais.
No
paradigma da inclusão, ao afirmar que todos se beneficiam quando as escolas
promovem respostas às diferenças individuais de estudantes, são impulsionados
os projetos de mudanças nas políticas públicas. A partir dos diversos
movimentos que buscam repensar o espaço escolar e da identificação das
diferentes formas de exclusão, geracional, territorial, étnico racial, de
gênero, dentre outras, a proposta de inclusão escolar começa a ser gestada.
Esta perspectiva conduz ao debate
sobre os rumos da educação especial, tornando-se fundamental para a construção
de políticas de formação, financiamento e gestão, necessárias para a
transformação da estrutura educacional a fim de assegurar as condições de
acesso, participação e aprendizagem de todos estudantes, concebendo a escola
como um espaço que reconhece e valoriza as diferenças.
O
Brasil passou por uma crise de democracia nos anos 60 e a educação
encontrava-se em completa defasagem em relação ao contexto que se delineava no
país, houve então uma movimentação que propiciou a formação de uma consciência
nacional sobre a educação, com esse movimento o papel das instituições
escolares era garantir uma escolarização regular e uma alfabetização
“eficiente”, com isso deveriam buscar a modernização para atender aos novos
imperativos sociais. Em 1961 fundamentou-se o atendimento educacional às
pessoas com deficiência pelas disposições da Lei de diretrizes e Bases da
Educação Nacional – LDBEN, Lei nº 4024/61, que representou o inicio da
descentralização educacional e administrativa no Brasil. Essa lei aponta os direitos
das pessoas especiais à educação, preferencialmente dentro do sistema geral de
ensino. Em 1973, o MEC criou o Centro Nacional de Educação Especial – CENESP,
que tem por finalidade promover em todo território nacional, a expansão e
melhoria de atendimento aos excepcionais, é o responsável pela gerência da
educação especial no Brasil.
Visando as dificuldades enfrentadas
nos sistemas de ensino e com a intenção de buscar alternativas para superá-la,
a educação inclusiva assume espaço central acerca da sociedade contemporânea e
do papel da escola na superação da lógica da exclusão. Para que todos os alunos
têm suas especificidades atendidas, é necessário que haja uma mudança
estrutural e cultural da escola, sendo assim, o Ministério da Educação/Secretaria
de educação Especial apresenta a Política Nacional da educação Especial na
Perspectiva da Educação Inclusiva, que acompanha os avanços do conhecimento e
das lutas sociais, visando constituir políticas publicas promotoras de uma
educação de qualidade para todos os alunos, seu objetivo é assegurar a inclusão
escolar de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
altas habilidades/superdotação, orientando os sistemas de ensino para garantir:
acesso ao ensino regular até a educação superior, tendo profissionais
especializados para o atendimento educacional.
O
atendimento educacional especializado – AEE identifica, elabora e organiza
recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para plena
participação dos alunos, considerando as suas necessidades específicas. As
atividades desenvolvidas no ensino especial diferem das realizadas na sala de
aula comum. Em todas as etapas e modalidades da educação básica, o atendimento
educacional especializado é organizado para apoiar o desenvolvimento dos alunos
constituindo oferta obrigatória dos sistemas de ensino e deve ser realizado no
turno inverso ao da classe comum, na própria escola ou centro especializado que
realize esse serviço educacional.
De acordo com a Política Nacional de
Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva de janeiro de 2008 o AEE
se realiza numa sala multifuncional, que é um espaço equipado e organizado
preferencialmente em escolas comuns das redes de ensino. Nessa sala podem ser
atendidas as crianças da escola e de escolas vizinhas. O professor de AEE deve
identificar e desenvolver estratégias educativas visando à superação de
aprendizagem dos alunos. A criação de salas multifuncionais nas escolas
públicas brasileiras é uma concretização da política de inclusão. O desafio das
redes públicas de ensino é escolarizar todas as crianças no ensino comum.
Segundo Dutra e Dutra dos Santos em
“Os rumos da Educação Especial no Brasil ao paradigma da Educação Inclusiva”
(2010, p.) o desenvolvimento inclusivo das escolas é compreendido como uma
perspectiva ampla de reestruturação da educação, que pressupõe a articulação
entre a educação especial e o ensino comum e afirmam que é a função primordial
do AEE, considerando a elaboração, a disponibilização e a avaliação de
estratégias pedagógicas, de serviços e recursos de acessibilidade para a
promoção efetiva do direito de todos à educação.
É fato que muitas escolas
brasileiras não têm suportes para a realização da inclusão, não possuem salas
multifuncionais e muito menos profissionais qualificados para realização do
AEE. A realidade é que há uma minoria de alunos deficientes matriculados em
instituições de ensino, e os que são inclusos nas escolas comuns das redes de
ensino não recebem o AEE e de certa forma ficam “exclusos”, vão para a escola e
não conseguem acompanhar a turma, não interage e consequentemente terminam o
ano sem conseguirem sucesso na aprendizagem. O que existe em geral são projetos
de inclusão parcial, muitas escolas atendem os alunos especiais em espaços
escolares semi ou totalmente segregados que são conhecidas como classes
especiais, salas de recursos, turmas de aceleração etc. outras escolas não
atendem os alunos com deficiência em suas turmas regulares e a justificativa é
a falta de profissional para lidar com esse público. Há também escolas que
acreditam que os alunos especiais ao serem inclusos em uma turma regular, não
conseguiriam acompanhar com sucesso a turma e de fato seriam mais discriminados
do que nas classes e escolas especiais.
Existem quatro tipos de escolas que
oferecem Educação Especial que são as exclusivamente de Educação Especial, as
de Classes Especiais, as Inclusivas com Apoio de Sala de Recursos e as
Inclusivas sem Apoio de Sala de Recursos, cada uma possui suas modalidades de ensino,
a primeira oferece educação escolar somente para alunos com necessidades
especiais sendo uma instituição especializada, a segunda possui sala de aula
destinada somente para alunos especiais e é uma escola de ensino regular, ou
seja, o que difere entre as duas escolas é por que a primeira só recebe alunos
especiais. As duas últimas escolas consideram inclusivas por receber alunos
especiais, sendo que, uma possui sala de recursos e outra não.
A Constituição Federal de 1988
assegura às pessoas especiais o direito à educação realizada em classes comuns
e ao atendimento educacional especializado complementar ou suplementar à
escolarização que deve ser realizado preferencialmente em sala de recursos na
escola onde estejam matriculados, em outra escola, ou em centros de atendimento
educacional especializado. Então de acordo com a Constituição Federal de 1988,
a melhor escola para o atendimento às pessoas especiais são as Escolas
Inclusivas com Apoio de Sala de Recursos, pois as escolas inclusivas asseguram a
igualdade entre alunos diferentes, lhes garantindo o direito a diferença na
igualdade de direito à educação.
“Há dez anos, quase 90% dos
matriculados frequentavam instituições ou classes especiais. Hoje, são apenas
53% nessa situação- ou seja, quase metade está em salas regulares” revista Nova
Escola, outubro 2007. A luta de muitos educadores que o objetivo é agregar as
crianças e jovens com necessidades especiais em escolas regulares, está de fato
tendo resultados positivos de acordo com essas pesquisas, mas para haver um
ensino de qualidade é importante que os professores especialistas das salas de
recursos trabalhem em parceria com os professores das turmas regulares que
possuem alunos especiais, pois é unido que encontrarão soluções para sanar os
problemas encontrados no ensino. O professor precisa exigir da escola dos
recursos necessários para realizar um bom trabalho. A escola deve estar
adaptada em sua estrutura física e pedagógica para garantir boas condições de
aprendizagem. É fato que muitas escolas ao receberem alunos com deficiência ou
transtorno global do desenvolvimento (TGD), os professores, no entanto, se
sentem sozinhos e sem apoio, por falta de recursos e formação adequada para se
realizar um bom trabalho, pois ensinar crianças e jovens com NEE é um desafio
visível em nossa realidade.
Há muitos lugares que a inclusão
está sendo realizada em trabalho de equipe, a interatividade entre os
profissionais da educação é essencial para que ocorram resultados positivos. Se
a inclusão passar a ser um projeto da escola, não há dúvida de que fará toda
diferença. O trabalho em conjunto entre gestores e educadores é de suma
importância, pois a responsabilidade e o compromisso são de todos. Contando com
a parceria da família, a possibilidade de sucesso é ainda maior, trabalhar em
equipe é sem duvida alguma a melhor forma de se chegar ao ponto desejado.
Sabemos que há inúmeros fatores que
surgem para tentar impedir a realização da inclusão nas escolas, a quantidade
de alunos em uma classe que tem crianças com NEE é uma delas, infelizmente
ainda não existe uma lei nacional que permita a redução de alunos em salas que
tenham crianças especiais, os professores se deparam com situações difíceis, às
vezes dentro de uma classe de 30 alunos, há uma porcentagem grande com
dificuldades de aprendizagem, e o professor se sente sozinho, sem apoio, além
de por necessidade ter que dar um suporte maior para o aluno com NEE, ele
precisa também auxiliar com mais intensidade as outras crianças que não
conseguem alcançar o nível de aprendizagem da turma.
Há casos em que professores recebem
em sua sala de aula um aluno surdo ou surdo-mudo, esses frequentam as aulas
parcialmente, por falta de um profissional para auxiliá-los, se sentem
desmotivados, não conseguem interagir com a turma e muito menos acompanhar os
conteúdos, o professor regente sem saber comunicar com seu aluno, deixa-o a
parte, não se preocupa com sua aprendizagem, ou embora se preocupe não busca ou
não possui formas de ajudá-lo. A família muita das vezes por falta de
informação sobre o direito de seus filhos especiais, não exige da escola um
interprete ou quando reconhece dos direitos e vão atrás, infelizmente a escola
não tem profissionais qualificados para esse trabalho.
Muita das vezes os professores, por
falta de preparo, possuem uma visão utópica em relação à inclusão, tomando
assim resistentes às inovações educacionais, por medo de que essas inovações
ameacem o esquema de trabalho prático que aprenderam ao longo de sua formação,
os educadores adquirem uma visão funcional do ensino. Eles esperam aprender uma
prática inclusiva, ou seja, garantindo-lhes a soluções dos problemas que irão
enfrentar nas escolas inclusivas.
Falando em inclusão, o que realmente
significa essa palavra? Segundo o Dicionário Aurélio incluir é o mesmo que
compreender, abranger, inserir. Levando isso para a prática, a inclusão é de
certa forma um meio de interação social, ou seja, a partir do momento que se
insere um cidadão no meio social e tenta compreendê-lo, é o caminho certo para
que haja formação de ideias que contribuam para o aperfeiçoamento do caráter
humano. A inclusão na educação escolar é imprescindível, pois é na escola que a
criança tem seu primeiro contato com pessoas que não são da família, ela passa
a conhecer um novo ambiente, descobrir coisas novas e reconhecer seu papel na
cidadania. A melhor forma do ser humano se conhecer é conhecendo outras pessoas
e o melhor passo para sanar as dificuldades da vida é tentar resolvê-las em
parceria. Ninguém vence sozinho, o sucesso na vida é vencer em equipe.
A constituição Federal de 1988 traz
como um dos seus objetivos fundamentais “promover o bem de todos sem
preconceitos de origem, raça, cor, idade e quaisquer outras formas de
discriminação” (art. 3º inciso IV). Define, no artigo 205, a educação como um
direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da
cidadania e a qualificação para o trabalho. No seu artigo 206, inciso I,
estabelece a “igualdade de condições de acesso e permanência na escola”, como um
dos princípios para o ensino e, garante como dever do Estado, a oferta do
atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de
ensino (art. 208).
Segundo a atual Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional. Lei 9394/96 art. 59. Os sistemas de ensino
assegurarão aos educandos com necessidades especiais: I-currículos, métodos,
técnicas, recursos educativos e organização específica para aqueles que não
puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental em virtude
de suas deficiências, a aceleração para concluir em menor tempo o programa
escolar aos superdotados.
De acordo com a professora e
secretária de Educação Especial do MEC Clélia Brandão Craveiro em entrevista a
“INCLUSÃO REVISTA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL” (jul/dez 2010) sobre a Lei nº 9394/96,
ela afirma que essa lei deve se adequar alguns pontos, preferencialmente a
terminologia apresentada nessa LDB, nos artigos 58 a 60, que diz “portadores de
necessidades especiais”, para Brandão essa terminologia não corresponde à atual
definição do público alvo da educação especial. Outra terminologia citada é
“terminalidade específica para alunos com deficiência”, que é uma expressão
cujo ponto de vista confronta com as possibilidades de educação ao longo da
vida, ela conclui que, a lei deve traduzir a educação especial na perspectiva
da inclusão, como modalidade integrada ao processo de escolarização dos alunos.
Em relação ao que diz Brandão da
expressão “portadores de necessidades especiais” sabemos que com a intenção de
amenizar a acepção negativa da terminologia citada acima para distinguir os
indivíduos que apresentam limitações físicas, motoras, sensoriais, cognitivas,
linguísticas e etc. Surgiu então à denominação “Necessidades Especiais”,
outrora se usava outros termos para evidenciar a diversidade, como indivíduos
“defeituosos”, “deficientes”, “Excepcionais”. No final da década de 80 e inicio
da década de 90 o termo utilizado foi “pessoas portadoras de deficiência” agora
a expressão “Necessidades Especiais” tornou-se bastante conhecida, está sendo
difundida e assimilada. Um individuo para ter necessidades especiais, ele
precisa de recursos e ferramentas que o outro não necessita para realizar algo,
e suas necessidades podem ser temporárias ou permanentes, dependendo da
situação e da circunstância das quais se originam.
É importante ressaltar que, se as
pessoas com deficiências possuem os mesmos direitos e liberdades fundamentais
como as demais pessoas de acordo com as nossas leis, não há como excluí-las ou
fingirmos que elas não necessitam de atenção, qualquer ato de diferenciação ou
exclusão que impeça ou anule o exercício dos direitos humanos e de suas
liberdades fundamentais é uma discriminação. A inclusão está ligada a todas as
pessoas que não têm as mesmas oportunidades dentro da sociedade. Aquelas que de
certa forma são excluídas socialmente e são vistas até mesmo como um problema a
qual ninguém tenta buscar a solução.
Os direitos das pessoas com
deficiência foram conquistados arduamente nos últimos 200 anos. Depois de tão
árdua conquista deve haver sim um cumprimento efetivo do que lhes é concedido
por lei. Embora sabemos que existem pessoas que não conhecem os seus direitos
em pleno século XXI e deixam passar sem que perceba a gravidade da exclusão em
que estão sendo submetidas, quem tem um melhor conhecimento das leis, deveriam
ajudar aqueles que são vítimas da injustiça social e não possuem a consciência
do direito essencial à sua própria dignidade humana. O exercício dos direitos
gerais e dos direitos específicos das pessoas com necessidades especiais está
diretamente ligado à criação de condições que permita o seu acesso diferenciado
ao bem estar econômico, social e cultural. A dignidade humana é o bem mais
precioso que nós seres humanos possuímos, pois esta nos concede honra e
respeitabilidade devida como cidadãos.
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